|:| Corpus Compartilhado Diacrônico: cartas pessoais brasileiras |:| Célia Lopes {celiar.s.lopes@gmail.com} e Silvia Cavalcante {silviare@gmail.com} |:| carta 08-PF-04-10-1879 |:| Autor: João Pedreira do Couto Ferraz |:| Destinatário: |:| Data: 04 de outubro de 1879 |:| Versão original |:| Encoding: UTF-8 Corte 4 de Outubro de1879 . Minha prezada Filha e amiga do Coração . Antes de tudo , rendamos graças á Deos pela continuação da saude e paz de espirito que gosas em paz com os teus e toda Sta Fé . Vou seguir o exemplo que me dás na ultima carta , que separou me de tua Mãe , escrevendo me – á mim , assim como aella á parte . Do mesmo modo divor ceite de teu marido , á elle escrevendo também separadamente ( Aqui está duplo caso de devorcios sui generis , innocen-tes e louváveis , que não desquitão a humana união hapostolica que transmitte o Sacramto inint. ) Essa egual destacação na presente que dirigi-te , sendo , como na tua , uã expres-são de fineza e diferencia de cordialidade seria um tanto difficil se fosse freqüente porque na esphera dos sentimentos bene-volos eu os uno tam intimamente que a linguagem do coração que emprego paa comtigo tem inteira referencia e appli-cação á teu marido , desde que a irra-diação viva pa com elle da amizade estremecida que te consagro e detal sórte forte , que se identifica e con-substancia se com o próprio foco donde partira Jerônimo mere-ce me muito , tão teu amigo , e esco-lhido de tua alma , e virtuoso e fido companheiro do teu viver , torna-se pois outro eu – teu e meu servin- [pag] do ainda para augmentarem e real-çarem as verdades ditas , por cujo motivo dedico lhe minha affeição , as bellas qua-lidades nobres ornão oseu character – princípios fixos de honra e raras virtudes franqueza decava-lheiro , independência de gênio ado-çada pela delicadeza natural , alia-da ma obrigação de corresponder a ami-zade e inint. toda confiança q elle em mim deposita . Em vista do que fixemos em principio ou verdade posa não ser tão defficil desuni los em cartas q sejão , todas as veses que tiver depar-ticularisar sentimentos que são com-muns e applicaveis á ambos – direi todas as vezes que como inint. escrevo te á sós ou qdo em outras vezes á elle me dirijo exclusivamente , as phrazes , e expresões sentimentaes q empregar , a linguagem de coração em suas effusões á fora os tópicos sobre assumptos áridos dos negocios materiaes da vida podem e devem ser tomados como a ambos endere-çados coelecti vamente o que será também por mim observado em referencia as tuas cartas . Fé com desvanecimento ma filha a carta que ora respondo , a qual possa denominar [pag] uma das ms belas paginas tiradas de teu bem formado coração . Com tocante e mui natural singeleza de serviste a scena das criancinhas o sonno da Maria Eliza em sua caminha emquanto me escrevias , e para que não inter-rompesses o trabalho mimozo inint. de tuas lettras á teu Pai a lembrança q tiveste de collocar ao mesmo tempo no teu regaço a Roza Maria a quem amamen-tavas paa que não chorasse , embora neste duplo mister simultâneo compro-metteres a calligraphia . Que lindo quadro ! na realidade , minha filha Na effusão do teu amor filial paa commigo , revellando os ternos im-pulsos de teu sentir angelico , como com o puro leite que offerecias á tua filhinha Não se transmiterião hereditariamte as bellezas de tua alma , taão doces e virtuo-sos sentimentos ? Rendias á mim o suave tributo do amor de filha ao mmo tempo q vem este louvavel exemplo – o leite que daras – era o rocio que regava e de que se embevecia o tenro coração em embriada da innocentinha tua filha , na qual as-sim se implantão paa em breve desenvolver os germes das tuas prendas Moraes q ella no porvir saberá retribuir te o pas-sar aos filhos . É desta forma q se perpetuarão o impérios dos affectos e bellezas Moraes na inint. inint. Já estritei o claro desta folha desde que vou | escrevendo mais longamente na abondancia do coração . [pag] Finda a agradavel leitura de tua carta recebida q estava sob um caramanchão q mandei fazer na nossa chacara , apoderaraose de mim saudades bem intensas almejos mui vehementes por ir a ti abraçar e aos teus . Tracto por tanto de remover alguns empecilhos dei-xando só passar os primos exames de Jé Luis parasatis-fazer essa necessidade moral tão protellada já . Não determino , porém o dia , mas antes que decorra o primeiro decêndio deste mez , permettindo Deus – ahi estarei , o que será com tempo annunciado . e como tenho eu de ir só e por poucos dia não se-rá completo o teu e o meu prazer em compensação porem – lá paa Novembro , quer o casamento da tua cunhada se effectue então , quer ainda se proscrastine acompanharei tua bôa mãe e manos e gozaremos da ineffavel tão aprasi-vel convivencia de nossos filhos , não dias , apenas mas semanas inteiras – Reservamos este resto da carta para o noticiario e pormenores domésticos . Ainda não chegou o vapor com presentes teus . Convem q o Jeronimo mande saber ql o motivo da demora inint. inint. o Vovo . Hontem para ahi seguiu uma caminha de feres com grades lateraes e colxão para a Roza Maria . Amanhã seguirá um pacote contendo vinho de q usas como medicamento doces inint. Hoje vou mandar saber como tem passado o Pai do Manoel na Sta Casa – Que terriveis são os effeitos em certos sintomas de abuso dos vicidos alchoolicos ? 2ª feira o J Luis fará exame de Philosophia – Não me descuido , na forma de costume – Já levantou se do leito de dores teu tio e Padrinho – meu irmão , depois de 3 mezes de mto soffrimento . É no dia 11 o casamto do inint. Alternativas no estado morbido da Sa inint. Roza Atravessa coitada um período critico , e ainda não é tranquillizador o seu estado – Mande me ũa relação de tudo qto precisares para eu levar as encomendas quado for vez e torsos , e emquto não vou vae recebendo abraços beijos affagos para ti e repartires com os nossos . De teu Pai e amo certo Abro Pedreira